O agronegócio foi o setor mais prejudicado pelo tarifaço dos Estados Unidos, que entra em vigor na próxima quarta-feira (6), conforme ordem executiva assinada pelo presidente americano, Donald Trump.
Enquanto setores industriais como de veículos, peças automotivas, petróleo e gás, mineração, aeronaves e metalurgia, entre outros, entraram na lista de exceções à sobretaxa de 50%, os produtos do agro que escaparam da taxação se limitaram basicamente a suco de laranja, castanhas e certos tipos de celulose.
Café, carne bovina e outros produtos de base florestal, que estão entre as principais exportações do campo brasileiro aos Estados Unidos, além de outras proteínas animais, frutas e pescados entraram na taxação, gerando alerta entre produtores nacionais.
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) diz ver “com muita apreensão” o processo de negociação a respeito das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos para as diversas cadeias do agro brasileiro.
“Não há respaldo técnico ou comercial para tamanha taxação, e quando as medidas descolam da lógica econômica, os prejuízos se espalham para além das fronteiras e testam a resiliência das relações internacionais”, diz a entidade.
“O momento exige a análise dos impactos econômicos e sociais, além da construção de estratégias de defesa comercial do Brasil e do agro. Entendemos ser fundamental que o governo brasileiro adote medidas estruturantes para mitigar perdas dos setores atingidos e reforçar a sua competitividade”, prossegue o texto.
Agro representa 30% das exportações brasileiras para os Estados Unidos
Em 2024, o agronegócio representou cerca de 30% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Dos US$ 40,4 bilhões que o Brasil vendeu para o mercado americano, US$ 12,1 bilhões correspondem a produtos do agro, com destaque para café em grão, pastas químicas de madeira e carne bovina.
Nos primeiros seis meses de 2025, o produto do agro brasileiro mais exportado para os Estados Unidos, em valor de receita, foi o café em grão, que somou US$ 1,17 bilhão, o equivalente a 16% de todas as vendas externas do produto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em segundo lugar, vem a carne bovina, que somou US$ 1,03 bilhão em remessas aos Estados Unidos. A proteína desossada congelada enviada para o país totalizou US$ 791 milhões (12% das exportações totais).
Já a carne bovina industrializada, que gerou US$ 239 milhões em receitas, é altamente dependente do mercado americano: 65% das exportações do primeiro semestre foram para os Estados Unidos.